24 de março de 2014

A Invenção das Asas por Sue Monk Kidd

Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela
ISBN: 9788565530484
Ano: 2014
Páginas: 328
Classificação: 
Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem.

Quando você pensa em um livro que aborde o tema da escravidão, você logo imagina um negro sendo açoitado em alguma plantação de algodão, ou coisa do tipo, certo?
Mas como viviam os escravos domésticos? E as mulheres dos escravocratas? Todas concordavam com o que seus maridos faziam nos campos com os negros?

Sarah Grimké não é uma menina comum. Apesar de ser filha de um poderoso juíz escravocrata, ela não consegue aceitar a escravidão. Em seu aniversário de 11 anos, sua mãe lhe entrega Hetty, uma mulatinha de apenas 10 anos, com uma fita lilás amarrada no pescoço, de presente, para que esta lhe sirva como dama de companhia.
Sarah, à principio, se recusa a aceitar a menina como presente, mas em uma época onde as mulheres não tinham o direito de se expressar livremente, os desejos de uma criança só poderiam ser ignorados.

É dessa forma que Hetty, ou melhor, Encrenca que é o nome verdadeiro dela, entra na vida da sinhazinha Sarah.
Uma amizade começa a surgir entre essas duas garotas distintas, e Sarah promete que fará o possível para libertar Encrenca. Mas como ela poderia fazer isso?
A única coisa que ela consegue imaginar é ensinar a escrava a ler, o que na época era um crime grave, pois um escravo que sabe ler pode se revoltar mais facilmente.
Ao longo das páginas deste livro iremos percorrer toda a história dessas duas meninas, tão diferentes na cor da pele e no status social, mas que indo contra todas as possibilidades acabaram formando uma amizade e procurando, cada uma a sua maneira, a própria liberdade.

"Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você, é o contrário". Encrenca para Sarah

A história é narrada intercaladamente entre Encrenca e Sarah, com isso temos o ponto de vista de uma escrava doméstica e de uma sinhá abolicionista. Esse contra ponto é muito interessante, pois você acaba entrando na mente das duas personagens.

Quanto mais eu lia, mais eu gostava da Sarah e da forma como ela vem crescendo ao longo da história, passando de uma menininha que sofria com a gagueira, até uma verdadeira revolucionária.
Quanto a Encrenca, o que chama a atenção é a perspicácia dessa escrava, que mesmo sem uma instrução formal, conseguia se livrar de grandes encrencas (desde pequena ela faz jus ao nome que recebeu) e nunca se deixou abater pela condição que vive e pelos horrores da escravidão.
Outros personagens de muita importância fazem parte dessa história, tais como Angelina Grimké, a irmãzinha de Sarah, que assim como a irmã, tem o ideal abolicionista correndo nas veias. Porém, ela é um pouco mais audaciosa em relação a irmã mais velha. Juntas, elas irão formar uma equipe incansável em busca de seus objetivos.

Eu levei bastante tempo para ler este livro, mas não foi porque a história era chata ou monótona, mas sim porque eu não queria perder nenhum detalhe. A narrativa flui muito bem e a diagramação esta impecável.
A capa é feita de uma material aveludado, o que confere maciez. Todas as vezes que eu pegava no livro eu tinha que "acariciar" a capa. Hahahaha

Conforme você vai lendo, passa a entender o título do livro, pois é justamente o que as personagens tentam fazer ao longo da narrativa: construir e inventar asas para alçar a liberdade.

E quando eu cheguei no final, eis a minha surpresa. Nas notas da autora, eu descubro que Sarah Grimké existiu!!! E grande parte do que se passa no livro é verdade!!!

Assim que terminei eu precisei correr pro Google e pesquisar mais sobre essa mulher fascinante, e descobri que ela foi muito importante para a época. Não achei uma biografia dela em português, mas quem souber inglês pode ler aqui.
Se você não sabe inglês, aqui esta uma parte da nota da autora, onde ela explica quem foram Sarah e Angelina.
"Descobri que passava dirigindo pela casa não sinalizada das irmãs Grimké havia mais de uma década, sem saber que essas duas mulheres foram as primeiras agentes femininas abolicionistas e umas das primeiras entre as importantes pensadoras femininas americanas. Sarah foi a primeira mulher nos Estados Unidos a escrever um manifesto feminista abrangente, e Angelina foi a primeira mulher a falar diante de um conselho legislativo. No final da década de 1830, elas eram, possivelmente, as mais famosas, e também mais infames, mulheres das Américas..."

A autora ainda chama a atenção para o fato de ela desconhecer até então as irmãs Grimké (e nós também!), o que prova que "as conquistas das mulheres foram repetidamente apagadas da história."

Esse livro é uma aula de História, com um ponto de vista diferente do que estamos normalmente acostumados a ver e uma belíssima narrativa sobre amizade e liberdade. Vale muito à pena!
Eu tenho certeza que vocês irão se apaixonar por essas mulheres...

11 comentários

  1. Não curto muito do gênero, mas adoro essa temática, eu realmente nunca tinha ouvido falar sobre essas irmãs, gostei bastante da resenha...

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  2. Ganhei livro, mas ainda não tive tempo de ler.
    Bjs, Rose

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  3. No decorrer da leitura da resenha eu estava em dúvida se colocava ou não este livro na minha lista, quando cheguei no final pensei: eu preciso desse livro! O livro trata de temas delicados, tem como personagens duas grandes mulheres, é baseada numa história real, e parece ter uma capa muito linda... Não precisa dizer mais nada: Ele vai para minha lista de desejados. =D

    Ps. Abril está chegando, ou seja, aniversário do "Perdidas". Ebaaa! Queria ter um jeito de presentear vocês.

    Beijoos

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  4. Sempre curto algo quando o tema abordado é escravidão. Um período tão triste para a humanidade, e que resulta em obras tão profundas e verdadeiras.
    Sua resenha foi incrível Nat e pretendo com toda certeza começar a leitura da obra *---*

    Beijoos,
    Lauro.

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  5. Poxa precisando muito ler esse livro é uma temática que me prende demais! Acho que o título parece mais técnico tipo construção de aeromodelos e tal, por isso muitos não simpatizaram com o mesmo, mas eu gostei porque me dá a ideia de libertação por nós mesmos! Ansiosa pra ler e descobrir um pouco mais desse drama

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  6. A capa é muito linda, mas a história não chamou minha atenção. Apesar que acho legal a autora ter usado personagens e alguns fatos que realmente existiram.

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  7. Eu achei o tema bem interessante, e ainda mais interessante de a história ser real. Sou apaixonada por história, se eu ler esse livro, tenho certeza de que vou amar.
    E-mail: juliamariamoraes2013@gmail.com
    Nome de seguidor: Julia Moraes

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  8. Achei o tema bem interessante, mais interessante ainda pelo fato de a história ser real. Sou apaixonada por história, se eu ler esse livro, com certeza vou amar.
    E-mail: juliamariamoraes2013@gmail.com
    Nome de seguidor: Julia Moraes

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  9. Já coloquei na minha lista de desejados!!!
    Adoro livros que retratam histórias reais e esse chamou muito minha atenção. Fiquei curiosa pra saber mais da história.
    Fiquei também imaginando essa capa aveludada, deve ser muito bom mesmo de ficar passando a mão rs.

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  10. Estou lendo o livro e gostando bastante =)
    Claro, é bem intenso... e quem não gosta de leituras mais reflexivas e muito mais conteúdo, coisas históricas... talvez não curta. Mas eu recomendo =)

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  11. A capa é linda, a história é linda e a sua resenha também ficou linda! Não vejo a hora de conhecer essa história e saber que a personagem realmente existiu a torna ainda mais especial para mim agora, e olha que ainda nem peguei pra ler! E essa capa aveludada?! Gente, preciso desse livro urgentemente!

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