28 de abril de 2014

Os Grandes Contos Populares do Mundo por Flavio Moreira da Costa

Organização: Flávio Moreira da Costa
Editora: Ediouro
ISBN: 9788500014734
Ano: 2005
Páginas: 422
Classificação: 
O autor cujo talento para organizar antologias é indiscutível (suas coletâneas com as melhores histórias eróticas, de humor e de crimes e mistérios fizeram enorme sucesso) reúne, pela primeira vez, os melhores contos populares do mundo. São histórias contadas e compartilhadas por povos que andavam soltos pelos desertos, cavernas, mercados antigos, nas encruzilhadas de viajantes e bandidos, aventureiros e comerciantes.



Tá bom... Eu vou admitir uma coisa que não é muito legal... eu roubei esse livro da minha prima de 12 anos! Mas eu posso explicar...

Estava eu na casa da minha prima, quando me deparei com esse livro. Ela ganhou o livro na escola (tanto que o meu exemplar vem com o símbolo da prefeitura do Rio impressa na capa), e quando eu comecei a folhear as páginas... eu descobri um tesouro!


O livro é uma coletânea de contos dos mais diversos lugares do mundo, logo, ele tem contos da Turquia; do Egito; da Dinamarca; da China; e por aí vai. Ou seja, uma preciosidade de cultura internacional! Tem conto até do Afeganistão!! Vocês conhecem algum conto de lá?! Pois é... eu agora conheço!!!


Com certeza entrou para o hall dos meus livros favoritos, e eu super aconselho vocês a darem uma vasculhada na estante dos seus primos... vocês não imaginam o que podem encontrar por lá. 

Ah! E eu preciso parabenizar a Prefeitura do Rio por distribuir esses exemplares. Acho que as crianças nem se deram conta do que tinham em mãos, mas com certeza teve muito pai/ mãe que ficou lendo o livro dos filhos, assim como eu fiz com a minha prima....
=P

Pra deixar vocês com a pulga atrás da orelha sobre os contos, aqui vai um aperitivo...


A Cabana das Luzes (Afeganistão)

Era uma vez um judeu que saiu pelo mundo em busca de justiça.Viu como as pessoas se tratavam mal umas às outras, e como eram cruéis com os animais. Com certeza, pensou, o mundo todo não era assim tão inóspito. Em algum lugar, tinha certeza, devia existir a verdadeira justiça, mas ele nunca a havia encontrado. Então, partiu para uma busca que consumiu a maior parte de seus anos. Foi de cidade em cidade e de vila em vila procurando justiça. Mas jamais a encontrou.
Desta maneira, muitos anos se passaram até que o homem tivesse explorado todo o mundo conhecido, com exceção de uma última floresta muito grande. Entrou nessa floresta escura sem hesitação, pois a essa altura já não tinha medo de nada. Entrou em cavernas de ladrões, mas eles riram dele e disseram:"Você espera encontrar justiça aqui?" E entrou em cabanas de feiticeiras, mas elas riram e disseram:"Você espera encontrar justiça aqui?"
Então, aconteceu que o homem perdeu a noção do tempo em suas andanças. Ao entardecer da véspera de Yom Kippur, o Dia do Perdão, ele chegou a uma cabaninha de taipa que parecia estar a ponto de desmoronar. Pela janela viu muitas chamas tremeluzindo, e se perguntou por que elas estariam queimando. Bateu a porta, mas não ouve resposta. Enquanto esperava, reparou que toda a floresta tinha ficado silenciosa. Nem um único pássaro estava cantando. Bateu a porta novamente. Nada. Finalmente, empurrou a porta e entrou.
 Assim que entrou na cabana, o homem percebeu que ela era muito maior por dentro do que aparentava por fora. Viu que ela estava cheia de centenas de prateleiras, e em cada prateleira havia dezenas de lamparinas de óleo. Algumas dessas lamparinas estavam em suportes preciosos de ouro ou prata ou mármore, e algumas estavam em suportes baratos, de barro ou latão. Algumas pareciam cheias de óleo, e as chamas ardiam com fulgor. Mas em outras só havia um restinho de óleo, e parecia que estavam quase se apagando.
De repente um homem idoso apareceu à sua frente. Tinha uma barba branca e comprida, e estava usando um manto branco.
-Shalow aleichem, a paz esteja contigo, meu filho - disse o velho. -O que posso ajudá-lo?
 O homem que procurava justiça respondeu:
-Aleichem shalow, contigo esteja a paz. Fui a todo lugar procurando justiça, mas nunca havia visto uma coisa assim. Diga-me, o que são todas as luzes?
-Cada uma destas lâmpadas é a luz da lama de uma pessoa - disse o velho. -Enquanto essa pessoa estiver viva, a lamparina continua a arder, mas quando a alma da pessoa abandona este mundo, a lâmpada se apaga.
-O Sr. pode me mostrar a lâmpada da minha alma? -perguntou o homem que procurava justiça.
-Venha comigo - disse o velho, e abriu caminho pelos labirintos daquela cabana que parecia não ter fim.
 Finalmente chegaram a uma prateleira baixa, e ali o velho apontou para uma lamparina num suporte de barro. O pavio daquela lamparina estava muito curto, e sobrava muito pouco óleo. O velho disse:
-Essa é a lâmpada da sua alma.
 Ora, o homem olhou para aquela lâmpada bruxuleante, e um grande medo o invadiu. Era possível que o fim estivesse tão perto sem que ele soubesse? Então por acaso ele reparou na lamparina que estava ao lado da sua. Estava cheia de óleo, seu pavio era longo e bem reto, e sua chama ardia com forte luz.
-E de quem é esta lâmpada? -perguntou
-Só posso revelar a lâmpada de cada um para a própria pessoa - disse o velho, e virou-se e saiu.
 O homem ficou ali, encarando sua lâmpada, que parecia estar quase se apagando. De repente, ouviu um estalo, e quando olhou para cima, viu uma fumacinha subindo de outra prateleira e soube que, em algum lugar, alguém não estava mais entre os vivos. Voltou o olhar para sua própria lâmpada e viu que sobravam apenas umas poucas gotas de óleo. Então, virou-se para a lamparina ao lado da sua, tão cheia de óleo. E um pensamento terrível veio á sua mente.
 Afastou-se e procurou encontrar o velho, mas não o viu em lugar algum.
Então, ergueu aquela lamparina com óleo, pronto para derramá-lo na sua. Mas, de repente, o velho apareceu vindo do nada, e agarrou o braço dele com um aperto de ferro. E o velho disse:
-É essa a espécie de justiça que você está procurando?
 O homem fechou os olhos. E quando abriu os olhos, viu que o velho não estava mais ali, e a cabana e todas as lamparinas tinham desaparecido. Encontrou-se sozinho, em pé na floresta, e ouviu as árvores comentando baixinho o seu destino. Perguntou a si mesmo, será que sua lamparina tinha apagado?Teria ele também deixado o mundo dos vivos?

13 comentários

  1. hasuhasuua roubando livros das priminhas? Isso não é legal, hein.
    Mas com um enredo desses até eu fiquei curiosa e tentada a fazer o mesmo, haha.
    Não sou grande fã de contos, mas ter um pedaço da cultura de cada país nas páginas de um único livro deve ser mesmo mágico.
    Achei bacana também essa iniciativa da prefeitura de semear cultura nas crianças.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu sei Rita...eu sou uma pessoa horrível...roubando a cultura das minhas primas...mas eu vou fazer o quê? Sou viciada!!! Você não mostra uma garrafa de pinga pro alcoolatra, certo? Então, também não podem mostrar livros sensacionais como esse pra uma viciada em livros!!! Hahahahaha

      Excluir
  2. Sou apaixonada por contos, e realmente não conhecia esse livro, sério, na minha escola eles não distribuem livros assim T-T

    Amei esse conto, os outros tmb devem ser bons assim ú.ú

    ResponderExcluir
  3. Danadinha você Natalia :)
    Mas eu faria a mesma coisa, se acontecesse comigo.
    Bem interessante as curiosas histórias!

    ResponderExcluir
  4. Oi, Natalia
    Gostei muito da sua resenha. É bom saber que as crianças estão aprendendo um pouco sobre a cultura de outros países. Adorei o conto do Afeganistão.

    ResponderExcluir
  5. Parabéns mesmo a prefeitura, ações assim tem que ser ampliadas e copiadas. Só não podemos copiar sua né Natália... kkkk
    Bjs, Rose

    ResponderExcluir
  6. Hahaha roubando livro da priminha, bom eu já fiz isso também :)
    Achei legal a iniciativa da prefeitura. E achei fantástico o livro, gosto de contos e gostei também de mostrar um pouquinho da cultura de outros países.

    ResponderExcluir
  7. Vou ver se aqui em São Paulo deram esse...eu trabalho na educação e tem diversos livros bons que dão para os alunos e, modéstia a parte, a escola em que trabalho tem uma excelente biblioteca (inclusive já me deram dinheiro pra comprar livros e eu comprei um monte)...bem bacana ver diversos contos reunidos, desperta o interesse de conhecer o mundo e suas diversas culturas.
    Vou pesquisar aqui se acho esse..

    ResponderExcluir
  8. Não acredito que você roubou livro da sua prima hahaha
    Eu não conhecia esse livro, mas parece ser muito bom por ser de vários lugares, deve dar pra conhecer a cultura de cada lugar...
    Nunca tinha lido nenhum conto desses lugares que você falou (agora já li do Afeganistão), já fiquei mega curiosa.
    Achei muito legal a prefeitura distribuir exemplares desses livros!

    ResponderExcluir
  9. ameeei o livro. Não é um livro na qual espero gostar geralmente, mas gostei desse. É lindo *-*
    acho que vou ler >< haha
    bj, dréa

    ResponderExcluir
  10. Que bacana, não conhecia esse livro mas parece ser bem interessante! Realmente, em algumas escolas são distribuídos livros ótimos e este me deixou curiosa para conhecer os contos. :)
    beijos

    ResponderExcluir
  11. Mas gente, como assim você roubou o livro da sua prima? Não creio. HAHA
    Mas nem posso falar muita coisa, uma vez fiquei com o livro da biblioteca da minha escola e esqueci de entregar. O problema foi que mudei de cidade e carreguei o livro. Kkkkkkk Ele está comigo até hoje, é um de contos infantis. Eu tinha 6 anos. HAHA
    Enfim, vou procurar o livro que você roubou nas bibliotecas e comprar. Achei um máximo. Muito bom. ^^
    Beijos

    ResponderExcluir
  12. Eu li exatamente esse conto A Cabana das Luzes (Afeganistão) quando eu era criança e nunca saiu da minha mente. Sempre procurei esse livro mas não lembrava do nome e hoje por acaso pesquisando na internet o encontrei em seu blog. Muito Obrigado por compartilhar!

    ResponderExcluir

Seu comentário é muito importante para o blog! Pois graças a ele, sabemos o que vem achando dos nossos posts. Se chegou até aqui para comentar, já agradecemos o seu carinho! Ah... E volte sempre! ♥