9 de dezembro de 2020

Malorie por Josh Malerman

Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 288
Classificação: 
Doze anos se passaram desde que Malorie e os filhos atravessaram o rio com vendas no rosto, mas tapar os olhos ainda é uma regra que não podem deixar de seguir. Eles sabem que apenas um vislumbre das criaturas pode levar pessoas comuns a uma violência indescritível. Ainda não há explicação. Nenhuma solução. Tudo o que Malorie pode fazer é sobreviver... e transmitir aos filhos sua determinação. Não se descuidem, diz a eles. Fiquem vendados. E NÃO ABRAM OS OLHOS. Quando eles tomam conhecimento de uma notícia que parecia impossível, Malorie se permite ter esperança pela primeira vez desde o início do surto. Há sobreviventes. Pessoas que ela considerava mortas, mas que talvez estejam vivas.

Clique aqui para ler a resenha de Caixa de Pássaros.

Doze anos se passaram desde que Malorie e seus filhos desceram o Rio e chegaram no lugar que vemos no final de Caixa de Pássaros, e novamente nos encontramos no apocalipse, onde abrir os olhos significa a loucura e o fim de tudo. Todos esses anos se passaram, mas eles ainda não sabem o que são as criaturas.

Depois de um acontecimento na escola para cegos, local onde viveram por muitos anos em segurança, mais uma vez eles se veem obrigados a procurar um novo local para se abrigar e um acampamento passa a ser o seu novo recomeço, mas agora são só Malorie e seus filhos, Tom e Olympia. Malorie vê seus filhos crescerem ali por dez anos e agora, ambos são adolescentes de dezesseis anos. Toda essa pressão do novo mundo completamente escuro sob as vendas, torna Malorie uma mulher com um senso de perigo muito aguçado, mas também cheia de regras e completamente paranoica, que acredita que as criaturas evoluíram e, por isso, além das vendas nos olhos, também devem usar capuz e luvas para evitar que as criaturas façam qualquer contato físico com o restante do corpo deles. Seus filhos continuam seguindo as suas regras, mas questionam o tempo todo seu modo restrito de vida, principalmente Tom, um jovem idealista que acredita ser preciso enfrentar de outra forma as criaturas.

Mesmo com toda a restrição, conseguimos entender que tudo o que Malorie faz é para manter os filhos vivos e seguros dentro do que é possível. Além disso, para que eles crescessem com a plena noção de que o mundo não é mais o mesmo, ela precisou ser extremamente forte e dura com eles. Ainda mais agora com ambos adolescentes que questionam tudo por natureza. 

A história é sobre Malorie, mas também sobre os filhos dela, Tom e Olympia. Seus filhos representam o oposto de tudo que Malorie é. Olympia é calma e entende bem a mãe. Sempre foi a mediadora. Já Tom é questionador e experimentador, o extremo oposto de tudo que Malorie mais preza. E por mais que eu tentasse entender o ponto de vista dele, questionando as regras super rigorosas de Malorie, era absolutamente frustrante vê-lo se tornar um rebelde sem causa, onde tudo o que Malorie fazia desde o nascimento deles nesse mundo absolutamente caótico e bizarro, era fazê-los sobreviver. Tentei, mas tive zero empatia pela rebeldia infundada e sem causa de Tom, que transformava as coisas que já não eram nada fáceis em ainda mais difíceis. 

Porém, é justamente o que Tom julgava serem paranoias de Malorie, que faz com que ela decida deixar o acampamento que por tantos anos viveram em segurança para seguir a viagem mais aterrorizante de suas vidas rumo ao total desconhecido, mas que poderia oferecer encerramento a questões do passado dela.

Tive medo de que Malorie pudesse ser um livro desnecessário, mas como Malerman é um gênio, esse medo não se concretizou e somos presentados com uma história ainda mais aterrorizante, que me deixou nervosa e bem angustiada durante toda a leitura, com certas surpresas e com um final que eu achei absolutamente memorável.

Malorie nos trás diferentes pontos de vista, e ao longo da leitura começamos a entender que não existe certo e errado nesse novo mundo, apenas o ousado e o seguro.

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